Copo de 3: junho 2007

29 junho 2007

Esporão Reserva Branco 2001

Hoje em dia muita gente pode questionar para que serve uma garrafeira, porque razão se guarda o vinho durante largos períodos de tempo ?
Com o fervilhar de marcas que o mercado global atravessa, é muito normal que para alguns o beber o maior número de novidades seja um objectivo, o ir a correr comprar um determinado vinho que a crítica colocou num pedestal, e num piscar de olhos esse mesmo vinho nem dois meses parou lá por casa. Diz um amigo meu que se podem estragar as garrafas e por isso mesmo não gosta de lhes dar descanso.
A verdade na maioria dos casos, é que viver num apartamento não dá grandes perspectivas de uma boa evolução a quem deseja guardar vinhos de elevado preço, durante muito tempo, e onde quase sempre a solução é comprar uma cave climatizada.
Ora com tudo isto, se para os tintos já é um problema, para os brancos então o melhor é nem falar... quem é que no seu perfeito juízo vai guardar vinho branco ? Xiii isso já deve estar tudo estragado....
Desta vez resolvi passear pelos brancos do Alentejo, fui até ao Esporão e resolvi abrir o último Moicano da sua estirpe, era a última deste ano e andava por lá meio perdida, pensava eu que já o tinha bebido faz algum tempo quando dei por ele repousando num recanto da garrafeira.

Esporão Reserva Branco 2001
Castas: Roupeiro, Arinto e Antão Vaz - Estágio: 6 meses carvalho americano - 14% Vol.

Tonalidade amarelo citrino com suave dourado presente.
Nariz a revelar um conjunto de boa intensidade, a fruta está presente aliada a uma boa dose de frescura que se faz notar, notas bem maduras com notas tropicais (ananás em calda, lichia) e citrinos com toranja. A envolver e bem, toda esta fruta, temos umas notas de barrica muito bem integradas, com suave amanteigado e toque de baunilha algo fugaz. A contrabalançar surge ligeiro vegetal com algum floral, no fundo domina um ligeiro petrolado que é resultado de uma evolução positiva deste branco. Final mineral e ligeiramente fumado.
Boca a apresentar uma estrutura bem delineada, corpo mediano, com acidez suficiente para dar frescura ao vinho, fruta bem madura com ligeiras notas de chá preto, pecando ligeiramente no final de boca que se mostra algo curto.

O que perde em exuberância ganhou em algum refinamento e ligeira complexidade, um vinho que mostra claramente que os vinhos brancos no Alentejo e mesmo em Portugal, desde que tenham qualidade, conseguem dar belas surpresas passados uns anos de esquecimento na garrafeira.
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Casal da Coelheira Chardonnay 2006

É do Ribatejo que vem o próximo branco, mais propriamente do Centro Agrícola do Tramagal de onde sai este varietal Chardonnay.

Casal da Coelheira Chardonnay 2006
Casta: 100% Chardonnay - Estágio: 75% fermentou em barricas de carvalho francês, seguindo-se um estágio de seis meses nas mesmas barricas com batonnage; os restantes 25% fermentou em cubas de inox com controlo de temperatura - 13,5% Vol.

Tonalidade amarelo citrino com leve dourado
Nariz a mostrar um vinho com intensidade mediana onde e fruta tropical se mostra presente em conjunto com ligeiro pêssego, pêra e maçã. Não mostra muita complexidade, apesar de dar a sensação de alguma cremosidade/amanteigado que se desvanece num ligeiro floral. Tudo sem grande consistência ou complexidade.
Boca com entrada suave e mediana, bem equilibrado, tudo muito certinho, passagem de boca correcta, fruta madura com frescura durante a passagem de boca. Arredondamento e final de boca ligeiro.

Não é dos exemplares Portugueses de Chardonnay que mais entusiasma, a casta anda meio atordoada sem o perfil a que nos acostumou. Custou cerca de 4,5€ em grande superfície.
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PROVA Casa de Santa Vitória Branco 2006

Retomando as provas, vamos dedicar algum tempo aos vinhos brancos, desta vez com a colheita 2006 do Casa de Santa Vitória, um produtor de Beja que viu este ano o seu Reserva Branco 2006 vencer a Talha de ouro da Confraria dos Enófilos do Alentejo.

Casa de Santa Vitória Branco 2006
Castas: Arinto, Antão Vaz e Chardonnay - Estágio: não/indicado - 13% Vol.

Tonalidade amarelo citrino de rebordo ligeiramente esverdeado
Nariz a evidenciar um vinho jovem e fresco, boa intensidade com fruta tropical em harmonia com notas de citrinos e alguma pêssego. Mostra uma ligeira passagem floral com pedra húmida no final (mineral).
Boca com boa entrada, fruta tropical presente com finura e equilíbrio, a acidez presente oferece uma frescura que se mostra suave e correcta, acompanhando toda a passagem de boca. Acaba com ligeiro travo vegetal em mistura com rebuçado de limão, em final médio.

Um vinho bem feito, não desponta grandes complexidades, vem a afinar colheita após colheita com ligeiras variações de lote, este parece-me o melhor de todos, no ponto para ser consumido durante o Verão. Custou cerca de 4€ em grande superfície, um valor a ter em conta nos brancos do Alentejo.
15

22 junho 2007

PROVA Comenda Grande - Polémico 2004

Do Monte da Comenda Grande, perto de Arraiolos, sai este novo vinho com nome preparado para causar impacto junto ao consumidor.

Comenda Grande - Polémico 2004
Castas: Cabernet Sauvignon e Syrah - Estágio: carvalho francês - 14% Vol.

Tonalidade granada escuro de média concentração
Nariz a mostrar logo de início que temos um vinho diferente, pelo menos que sai do habitual Alentejo. Fruta bem madura envolta em compota, revelando uma bela ligação com especiarias (pimentas) e alguma baunilha. Os aromas continuam a mostrar-se, cacau ligeiro com segundo plano a mostrar pimento verde, toque fumado com ligeiro vegetal folhas secas de eucalipto.
Boca com entrada estruturada, frescura ligeira com ligeira baunilha presente, mediano de corpo com fruta presente em boa dose, toque vegetal que recorda o pimento verde, com certo arredondamento. Final de boca com boa consistência e de persistência média.

Um vinho claramente diferente, até mesmo pelo lote escolhido que não prima pelo domínio das castas mais tradicionais do Alentejo. É mais um bom exemplar deste novo produtor, e que polémicas aparte vale bem a pena ser conhecido.
15,5

20 junho 2007

PROVA Ardosino 2003

Foi em Maio de 2000, que Bernd Philippi e Bernhard Breuer adquiriram a Quinta da Carvalhosa, situada no Douro, para pouco tempo depois se juntar o terceiro sócio, Werner Nakel.
Foi a paixão destes 3 senhores que nos brindou com os vinhos Campo Ardosa (campo cheio de ardósia) e com este irmão mais novo de nome Ardosino.
O Copo de 3 tem o prazer de colocar em prova este irmão mais novo da família Campo Ardosa.

Ardosino 2003
Castas: Tradicionais do Douro - Estágio: - 13,5% Vol.

Tonalidade ruby escuro de concentração média/alta
Nariz a denotar um aroma de bela envolvência, com boa intensidade a revelar inicialmente bom entruzamento entre fruta madura e madeira. Cativa desde o primeiro instante, fruta madura com notas compotadas, baunilha e torrefacção, quase transmite uma ligeira sensação de cremosidade. No segundo plano mostra uma faceta virada para o lado vegetal, flores e especiarias (pimentas) com toque de fumo, o final mostra-se balsâmico.
Boca com entrada bem estruturada, tudo num plano afinado e bem comedido, nada de euforias. Fruta presente ligeiramente compotada, com passagem de boca fresca e especiada, macio e bem polido, torrado, cacau ligeiro, tudo muito bem ligado e a dar bastante prazer. O final é de persistência média com toque vegetal e ligeiro mineral em fundo.

Temos um vinho que despertou belas sensações durante toda a prova, mostrou que ganha com algum tempo no copo, que se vai revelando um pouco mais.
Deu mostras que tem uma grande apetência para a mesa, tendo uma infinidade de possíveis ligações gastronómicas.
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PROVA .Com 2004

É da zona de Estremoz, mais propriamente dos Arcos, que nos chega o próximo vinho.
Depois de já apresentados e provados no Copo de 3, os vinhos Monte dos Cabaços na versão tinto e branco, eis que surge um novo vinho, desta vez da responsabilidade do filho dos donos (Tiago Cabaço) apresentado um nome bem diferente do normal, .com 2004

.Com 2004
Castas: Alicante Bouschet, Aragonês, Cabernet Sauvignon e Trincadeira - Estágio: n/indicado - 14% Vol.

Tonalidade ruby escuro de média concentração.
Nariz de boa intensidade, fruta bem madura, lembra notas de torrefacção em destaque com ligeira frescura presente com toque fumado de fundo em sintonia com ligeiro vegetal.
Boca com boa entrada, estrutura presente e sem vacilar, frescura com fruta em boa concentração, secura vegetal de leve duração durante passagem de boca, ligeiro apimentado. Final de média persistência.

Um vinho muito correcto e apelativo, com capacidade para se dar bem durante algum tempo na garrafeira.
15

14 junho 2007

8ª PROVA À QUINTA - Vinho e Sardinhas...

E cá estamos nós outra vez para um Prova à Quinta, desta vez é com os santos populares, o desafio vai sair dos normais moldes seguidos até hoje.
Assim sendo, o novo desafio e atendendo aos Santos Populares que se aproximam (Santo António está quase aí), será o de provar um vinho adequado para acompanhar uma boa sardinhada, explicando no final os motivos que levaram a escolher tal vinho.
Para atrapalhar o processo de escolha, o vinho em causa não pode ser um vinho entrada de gama... portanto os básicos estão fora...
Caros participantes, espero-vos dia 14 de Junho, com os relatos de boas sardinhadas e respectivos acompanhantes.

12 junho 2007

PROVA Vale das Areias

Desde há muito que a Sociedade Agrícola da Labrugueira produz e engarrafa vinho da região da Estremadura - a própria designação foi herdada da vinha mais antiga da família, situada no Vale das Areias, entre a capela dedicada a São Jorge e a Serra de Montejunto (Alenquer). Nos anos 90 com vontade em aperfeiçoar a herança dos antepassados a vinha e a adega vieram a sofrer certas reformulações, digamos que as necessárias para provar que é possível romper com o passado e partir para a produção de vinhos de qualidade.
Desta maneira apresenta-se este ''recente'' projecto de nome Vale das Areias:

Vale das Areias - Sauvignon e Arinto 2006
Castas: Sauvignon Blanc e Arinto - Estágio: n/indicado - 14% Vol.

Tonalidade amarelo citrino com ligeira tonalidade dourada e rebordo esverdeado
Nariz com aroma fresco e de intensidade mediana, de imediato somos remetidos para as notas da Sauvignon que se mostra mais dominante, fruta (lima e ananás) bem fresca e madura com toque floral, sendo o segundo plano preenchido por uma faceta mais vegetal.
Boca de entrada suave, ligeiro e frutado, travo vegetal com suave frescura de conjunto, envolvência média no palato mas que deixa um pouco o vazio, em persistência mediana com ligeiro mineral no final.

Um branco curioso pela dupla em causa, com a casta estrangeira a mostrar-se mais dominante o conjunto falha um pouco na boca, fica algo perdido e sem norte, direi mesmo um pouco fugaz em comprimento e em largura. Sem grandes exaltações ou alaridos com um preço indicado a rondar os 5€ é um vinho a ter em conta.
15

Vale das Areias tinto 2004
Castas: Touriga Nacional e Aragonês - Estágio: n/indicado - 13% Vol.

Tonalidade ruby escuro de média concentração
Nariz de boa intensidade, fruta vermelha com compota, boa frescura de conjunto aliada a um toque ligeiramente austero. Sente-se bafo morno com sensação de baunilha, fumo, balsâmico com floral e vegetal a marcar o segundo plano.
Boca com corpo fino e equilibrado, mostra-se bem feito, harmonioso, tudo correcto, fruta presente com frescura suave a abraçar um toque vegetal que se prolonga até ao final de boa persistência.

Bi-varietal que se vem enquadrar no mar de vinhos muito semelhantes, aqui encontramos um vinho equilibrado e que não defrauda, o preço ronda os 5€
14

Vale das Areias Touriga Nacional 2003
Castas: 100% Touriga Nacional - Estágio: nove meses carvalho francês - 14% Vol.

Tonalidade granada escuro de média concentração.
Nariz com aroma de boa intensidade, um pouco fechado inicialmente, ligeira baunilha com toque floral (violetas) ainda que suave e sem grande domínio de conjunto. Fruta presente bem madura com ligeira geleia, cacau seguido de pendente vegetal que não incomoda, em harmonia com especiado (pimenta) e ligeira frescura.
Boca de estrutura média, frutado com passagem equilibrada aliada a uma boa frescura, especiado no final de mediana persistência.

Claramente o melhor vinho dos exemplares em prova, apesar de mostrar uma Touriga Nacional envergonhada e tímida, poderá melhorar com algum tempo em cave, preço recomendado de 7€
15,5

PROVA Valdazar tinto 2005

Era uma vez uma zona produtora de vinhos, que estava meio adormecida, faltava modernidade e estava cada vez mais caída no esquecimento e vivia de memórias passadas, do que teriam sido os seus vinhos no tempo... tempo este passado.Hoje em dia a situação mudou, a zona produtora de vinhos sofreu grandes alterações, novos produtores surgiram, novas técnicas, novas maneira de pensar e acima de tudo novas castas vieram juntar-se à tradicional Baga.
Hoje em dia ao falar de Bairrada um nome que está associado a qualidade, inovação e até mesmo revolução é Campolargo.
É deste produtor que vou falar durante algumas das próximas provas que vou colocar no Copo de 3, vale a pena ficar atento porque são vinhos cheios de personalidade e acima de tudo grande relação preço qualidade.

O primeiro vinho vinho em prova, é o Valdazar tinto 2005, conta a tradição que na Quinta do Valle d´Azar passa um trecho da antiga estrada real, essas estradas que alguém escreveu, em meados do século XIX:
''Correi, se tanto ousais, alguma dessas estradas chamadas reais, melhor direis imaginárias, que dizem existir pelo país... entre o barrocal e o labirinto, a estrada portuguesa ora vos guiará aos despenhadeiros e pedregais, ora vos levará, insensivelmente, a um ponto de que não podereis sair.''
Entre assaltos e desastres lá seguia o velho Portugal.

Valdazar tinto 2005 Castas: Trincadeira da Bairrada, Touriga Nacional, Baga e Tinta Barroca - Estágio: carvalho francês - 13% Vol.

Tonalidade ruby escuro brilhante de concentração média/alta Nariz a mostrar-se boa intensidade com belas notas de fruta, envolvido numa onda fresca e floral de bom nível com toque de madeira bem integrado no seu conjunto. Revela baunilha e torrados que dão uma envolvência muito agradável com notas de incenso, fumo em segundo plano em conjunto com ligeiro toque vegetal. Boca de estrutura mediana com boa complexidade, tudo muito bem articulado, frescura presente com bela passagem de boca, redondo e macio, fruta, especiarias e flores. Equilibrado no seu todo, final de boca médio com ligeiro balsâmico.

Temos um vinho que dá bastante prazer durante a prova, um vinho que ganha com algum tempo no copo e que revela sempre um ligeiro detalhe para descobrir. Harmonioso e equilibrado sem grandes complexidades consegue agradar bastante, e acima de tudo um vinho diferente. O preço indicado é de 8€ o que faz com que seja um alvo de cobiça.
16,5

PROVA Quinta do Gradil 2003

Desde o Século XVIII que os antigo vinhedos, na altura propriedade do Marquês de Pombal, deram notoriedade aos vinhos da Quinta do Gradil, situada em Martim Joanes perto do Cadaval. Mais tarde pelas mãos da família Gomes Vieira, os vinhedos foram renovados e introduzidas novas castas adaptadas a este ''terroir'' tão especifico.
Em 2002 surge a empresa Martim Joanes Gradil – Sociedade Vitivinícola, Lda que será responsável pelos vinhos Quinta do Gradil, Cortello e Berço do Infante. Hoje em dia esta empresa faz parte da Dão Sul.

Quinta do Gradil 2003
Castas: Touriga Nacional, Alicante Bouschet e Syrah - Estágio: 8 meses carvalho novo francês - 14% Vol.

Tonalidade ruby escuro de concentração média/alta.
Nariz a mostrar um aroma de boa intensidade, sensação de frescura com fruta (bagas) bem madura, baunilha tímida de mão dada com torrado ligeiro, especiaria (pimenta) com toque vegetal e bafo resinoso com brisa floral que se dilui em fundo com ligeiro fumado. Não se mostrando muito falador, mostra-se afinado e muito correcto de modos.
Boca com entrada macia e frutada, sem grande complexidade mostra-se com bom entrosamento entre os seus componentes, balsâmico em fundo. Travo fresco com ligeira sensação de ligeira rusticidade no conjunto. O final é médio e com toque apimentado.

Um vinho que tem tudo no seu devido sítio, foi educado para isso e como tal, cumpre bem o seu principal objectivo que é agradar a quem o prova. O preço ronda os 11€ no Continente, num vinho que parece estar afastado da moda e que merece ser conhecido.
16

11 junho 2007

PROVA Deu la Deu Alvarinho 2006

Com os tempos mais quentes que já vão tentando instalar-se, é altura de começar a pensar nos novos brancos que começam a sair para o mercado. Como já começa a ser costume, coloca-se em prova um dos vinhos que colheita após colheita não deixa ninguém indiferente, talvez um Alvarinho que para a qualidade face ao preço, é quase um achado.

Deu la Deu Alvarinho 2006
Casta: 100% Alvarinho - Estágio: inox - 12,5% Vol.

Tonalidade amarelo citrino com leve dourado
Nariz a mostrar aroma de boa intensidade, perfil fresco com fruta muito madura e de boa qualidade (tropical, citrinos, pêra) que dançam com ligeira mineralidade presente. Bom recorte de conjunto com toque fumado em fundo, vegetal (erva fresca) no segundo plano com brisa floral.
Boca bem estruturada, firme e com frescura derivada de uma bela acidez, a fruta mostra-se presente na mesma proporção que na prova de nariz, dando uma boa passagem de boca. Final com ligeira mineralidade em persistência média.

Mais um belo exemplar, um pouco nervoso talvez e a precisar de um tempo (até Agosto) para domar e limar todos os seus atributos. Para já nota-se um pouco abaixo da colheita de 2005.
15,5

10 junho 2007

100.000

Foi hoje que o Copo de 3 chegou ao bonito número das 100.000 visitas, um número grande e com muitos zeros... um número que nunca pensei atingir em tão pouco tempo.
Este acontecimento vai merecer uma prova especial que aqui será colocada a seu devido tempo.

PROVA Quinta do Farfão

É no Douro Superior que fica a Quinta do Farfão, um produtor que lança os seus novos vinhos para o mercado.
Na sua gama podemos encontrar um branco, um colheita tinto e um Reserva.

Quinta do Farfão Branco 2006
Castas: Codega do Larinho, Rabigato, Viosinho, Malvasia Fina e outras. - Estágio: Inox -13,5% Vol.

Tonalidade amarelo citrino, pálido e com nuances esverdeados.
Nariz com toque frutado, notas tropicais e citrinas, ligeiro floral com toque vegetal em fundo que se vai esbatendo, tudo sem grandes intensidade jogando mais num plano discreto e ligeiro.
Boca de entrada fresca, ligeira fruta presente com embate da acidez a sair fora de controle, chega mesmo a deixar um rasto azedo durante a passagem de boca.

Um branco que não dá vontade de repetir, pelo preço indicado de 5€ ou até por menos, conseguimos encontrar vinhos mais apelativos e interessantes.
12

Quinta do Farfão Colheita 2004
Castas: Touriga Franca, Tinta Roriz, Tinta Barroca e Tinto Cão - Estágio: 8 meses carvalho francês - 12% Vol.

Tonalidade granada escuro de média concentração.
Nariz com aroma algo fechado inicialmente, sente-se a pisa em lagar de granito, fruta negra bem madura com alguma geleia, rusticidade domesticada pela passagem por madeira, toque de esteva queimada (vegetal e tosta), tudo isto com aquele frio mineral em fundo.
Boca a mostrar-se com entrada agradável, fruta, frescura durante a passagem de boca, vegetal no final de persistência média.

Um vinho que por momentos nos transporta para os mundos dos lagares, da pisa a pé, colocando de parte as novas tecnologias. De resto temos um vinho que se mostra cumpridor do seu destino. O preço indicado é de 4,5€ que se revela bem mais ajustado.
14

Quinta do Farfão Reserva 2004
Castas: Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Roriz e Tinto Cão - Estágio: 10 meses carvalho francês e americano - 13% Vol.

Tonalidade ruby escuro de média concentração
Nariz com aroma de média intensidade, fruta bem madura, frescura presente com toque vegetal, sem deixar o lado balsâmico de lado. Algum floral também se mostra com ligeiro fumo em fundo.
Boca a mostrar-se algo acanhada, fruta presente com certa ligeireza, fumo com vegetal. A passagem de boca mostra-se fresca e com ligeiro mineral em fundo, ao lado de toque vegetal.

Um vinho que se mostrou o melhor dos três em prova, mais afinado e com mais alma que os restantes, directo e a dar uma boa prova. O preço indicado é de cerca de 6,5€
14,5

06 junho 2007

PROVA Foral de Évora tinto 2001

A tradição do vinho na região de Évora remonta a tempos imemoriais. O Foral que D. Manuel I outorgou à cidade em 1501 disso dá testemunho. No ano em que Évora comemorou os 500 anos de Foral Manuelino, a Fundação Eugénio de Almeida lançou este vinho como edição comemorativa... vinho este que nos tem acompanhado ao lado das últimas colheitas.
Em prova temos a versão de 2001, num vinho que consegue ter um dos rótulos que mais gosto de ver (convém dizer que na última colheita tanto a qualidade do papel como certos detalhes já não fazem o mesmo impacto).

Foral de Évora tinto 2001
Castas: Trincadeira, Aragonez e Alicante Bouschet - Estágio: Carvalho francês e garrafa - 14% Vol.

Tonalidade granada de média concentração.
Nariz com aroma de média intensidade, fruto presente com bafo compotado. Couro em conjunto com aroma a lembrar móvel antigo, tabaco e cacau. No fundo temos pólvora seca com toque de vegetal seco. A mostrar claramente que já perdeu frescura e vigor.
Boca com entrada de corpo mediano, fruta compotada, passagem de boca suave e algo curta de complexidade, frescura muito ligeira, bafo morno em final de média persistência.

Um vinho que está a perder forma e vigor, apesar de este ainda proporcionar uma boa prova a frescura está quase na reforma, se o tiver não lhe dê tempo... o vinho é para dar alegrias e não arrependimentos.
14,5

Monte Seis Reis Touriga Nacional 2004

Voltamos novamente ao Monte Seis Reis (Alentejo), onde da gama de vinhos varietais que lançou na colheita é altura de destacar o Touriga Nacional.

Monte Seis Reis Touriga Nacional 2004
Castas: 100% Touriga Nacional - Estágio: 12 meses em carvalho francês - 14,5% Vol.

Tonalidade ruby escuro a mostrar uma boa concentração.
Nariz de boa intensidade, a fruta bem madura está presente, compotas com leve especiado e frescura ligeira. A baunilha e torrado suave marcam a sua presença, acompanhados de um ligeiro floral (violetas) com pitada de cacau. Até aqui tudo bem, mas no fundo apresenta-se um toque lácteo que não devia estar presente... retirando em muito grandes oportunidades de brilhar ao resto do conjunto.
Boca com estrutura média, frescura presente com fruta, ainda se nota alguma tosta mas imediatamente somos assaltados pelo toque lácteo, não restando muito mais a dizer.

Depois de um Touriga Nacional 2003 cheio de força e que foi um excelente cartão de visita desta adega, eis que a colheita 2004 se mostrou uns furos abaixo.
Devido ao toque lácteo perde encanto e brilho, cai no esquecimento e num mar de outros tantos... o preço a rondar os 15€ também não ajuda, certamente que este não é o caminho a seguir.
14

03 junho 2007

...

Certas notícias nunca deviam ser dadas, hoje é um dia triste, um dia em que perdi um grande amigo, um apaixonado pelo vinho que muito me ensinou, que desde menino sabia o que era o vinho, dominava as talhas, o fazer vinho da maneira antiga, esse mesmo amigo que foi aqui entrevistado e que tanto tinha ainda por mostrar.
Aquele amigo que me viu crescer e que agora eu vejo partir... deixo aqui a minha sentida homenagem ao meu amigo Hélder Cravo.
 
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