Copo de 3: 2014

30 dezembro 2014

MR Premium Rosé 2013


Pouco a pouco aquele que durante anos a fio foi considerado filho de um deus menor, vê o seu estatuto passar para um produto de glamour e exclusividade. O vinho rosado está na berlinda, começam a surgir um pouco por todo o lado os lançamentos de exemplares sérios, autênticos topos de gama de perfil nunca antes visto e que conquistam a mesa sem grande esforço. Ora o vinho rosé ou rosado é isto, resta seguir o caminho a trilhar para o sucesso mais que garantido dentro e fora de portas, ou não fosse o vinho de mesa de Portugal mais conhecido lá fora um rosé.

O mais recente lançamento da linha de vinhos MR Premium constitui a oferta topo de gama do Monte da Ravasqueira (Arraiolos). Um 100% Touriga Nacional, uvas escolhidas a dedo proveniente de 5 talhões deram origem a 3.425 garrafas com preço a rondar os 15/20€. O vinho é todo ele elegância, muito perfumado e fresco, fruta fresca (cereja, amora) com  mineralidade num conjunto com tudo muito equilibrado e de fácil percepção, a barrica apenas o aconchega com toque de pão torrado no fundo. Na boca é sedutor, boa textura, muito elegante e fresco, marcado pela presença da fruta, novamente uma ligeira tosta, saboroso e com final seco a pedir comida por perto. Um dos grandes rosados feitos em Portugal. 93 pts

Quinta do Mouro Vinha do Malhó 2009

Se há locais predestinados à produção de vinho de alto gabarito, a zona de Estremoz (Alentejo) é um desses sítios a ver pela quantidade de projectos e respectiva qualidade dos vinhos ali produzidos. A Quinta do Mouro é sem dúvida alguma um dos melhores exemplos do que de melhor se faz no Alentejo e em Portugal. Ali quem manda é o carismático produtor Miguel Louro, podendo mesmo afirmar que os grandes vinhos que ali são produzidos são frutos da sua teimosia e genialidade. O primeiro Quinta do Mouro saiu para o mercado em 1994, em 1999 foi lançado o ensaio daquele que é o mais cobiçado vinho do produtor, o Quinta do Mouro Rótulo Dourado. A última coqueluche a sair da adega dá pelo nome de Vinha do Malhó 2009, o primeiro vinho do produtor produzido apenas de uma vinha (2ha) plantada em 2001, a do Malhó, composta por duas parcelas na encosta em frente à casa da Quinta do Mouro. Localizada em solo de xisto, muito pobre, o rendimento é baixo e durante todos estes anos tem contribuído apenas para enriquecer o lote do Quinta do Mouro.

Estamos perante mais um vinho ao melhor estilo que Miguel Louro nos tem vindo a acostumar, uma vez que contrariando toda a equipa de enologia  considerou que um dos lotes disponíveis se diferenciava com mais amargos, mais acidez, mais taninos, mais de tudo… as tais características únicas e com identidade suficiente para espelhar aquilo que Miguel Louro entende ser a Vinha do Malhó numa produção de 3.000 garrafas que só voltará a ser lançado com a colheita de 2012. Como já foi dito destaca-se pela frescura, pela solidez e profundidade que mostra mesmo sendo ainda um jovem com toda uma vida pela frente. Esse vigor sente-se no palato, dominado por taninos e fruta muito viva, segundo plano terroso e especiado num final muito longo e persistente. Elegante e provocador, uma verdadeira tentação naquele que é um dos melhores vinhos do produtor. 96 pts

Publicado em Blend All About Wine Setembro 30, 2014

29 dezembro 2014

Quinta da Murta Reserva Bruto 2008


A Quinta da Murta (Bucelas) possui 14,5 hectares de vinha, implantadas a 250 metros de altitude nas encostas do Vale da Ribeira do Boição, beneficiando de solos compostos por margas calcárias e calcários cristalinos, com numerosas presenças de fósseis. Com natural presença da casta Arinto, cuja acidez natural aliada às características dos solos e do microclima da região permite produzir na Quinta da Murta, agora com enologia de Hugo Mendes, vinhos únicos com grande potencial de guarda onde brilha a gama de brancos e de espumantes.

Uma pequena parte do lote fermentou em barricas usadas, com posterior estágio em garrafa. Mostra um Arinto evoluído, complexo, aroma muito fresco com citrinos maduros, folha de limoeiro, maçã, muito vivo e direto com mineralidade de fundo. Boca com muita frescura, mousse ligeira com citrinos, vivacidade e mineral, numa bela acidez em final persistente e seco. Um espumante polivalente que brilha alto com pratos de marisco por perto, por exemplo mexilhões ou ameijoas ao natural, apenas com umas gotas de sumo de limão e coentros picados. 91 pts

Quinta de Foz de Arouce 1992


Este Quinta de Foz de Arouce 1992 é um claro exemplo de mais um dos grandes vinhos feitos em Portugal, com a capacidade e atrevimento que poucos conseguem ter passados 22 anos, é obra. Nasceu na Quinta de Foz de Arouce (Beiras), pertença de João Filipe Osório de Meneses Pitta, com enologia de João Portugal Ramos que em 1987 lança no mercado o primeiro Quinta de Foz de Arouce. As vinhas velhas que lhe deram origem foram plantadas em 1940, manda a Baga localizada em solo predominantemente xistoso com aluvião. Com a plantação de novo vinhedo em 2000 surge com a colheita 2003 um novo conceito, o vinho das vinhas velhas passa a ser chamado Quinta de Foz de ArouceVinhas Velhas de Santa Maria, enquanto o vinho proveniente das vinhas novas o Quinta de Foz de Arouce.

Exemplo de uma Baga adulta e séria, aromas limpos com muita complexidade e frescura a embrulhar todo o conjunto. Debita muita classe no copo, bouquet de gabarito, aromas frescos e refinados, marcados pelo tempo mas sem nunca perderem o encanto, flores, fruta com mirtilos e cereja bem sumarenta em destaque, especiarias e algum terroso à mistura, muita classe num conjunto requintado e conquistador. Na boca repete uma prova de prazer, frescura com a fruta bem madura a marcar presença, especiaria com notas terrosas, profundo e conversador. 95 pts

28 dezembro 2014

Quinta da Pellada Primus 2007

Ando farto de provar vinhos demasiadamente novos, daqueles que alguém sempre diz "isto precisava de mais uns anos em garrafa" mas que por motivo das pressas acabamos por ver o dito aberto e a cair nos copos. Este Primus surge com sete anos de vida, a mostrar mais uma vez que com tempo tudo muda e neste caso para melhor. O aperto inicial que mostrava deu largas a uma complexidade bonita e muito cativante, as castas são a Encruzado e mais umas quantas que moram nas vinhas velhas que estão ao cuidado do produtor Álvaro de Castro (Quinta da Pellada) sediado no Dão. 

O vinho tem brilho próprio, ainda que uns furos abaixo de colheitas mais recentes como 2009 ou 2011, aqui já com o tempo a mostrar os seu caprichos, num bouquet refastelado com notas de cera de abelha, mineralidade, melão, flores, barrica muito ténue com ligeiro melado pelo meio, tudo muito harmonioso e sem desequilíbrios. Na boca debita uma enorme prestação, saboroso, mineralidade que o coloca algo tenso num final com frescura que revitaliza o palato, ligeiramente frutado, longo e a dar uma prova de grande categoria neste momento. Acompanhado por Bacalhau com Migas de broa e grelos. 93 pts

27 dezembro 2014

Esporão Private Selection 2008

Dispensa grandes apresentações ou conversas este vinho do Esporão (Reguengos de Monsaraz) que ano após ano garante o estatuto entre os grandes, este 2008 coloca-se por direito muito próprio entre os melhores dos melhores. Diga-se de passagem que o rótulo terá sido dos mais bem concebidos até à data, tudo isto ajuda a engalanar ainda mais este memorável líquido de traço marcadamente alentejano, com uma evolução notável nesta altura do campeonato. O vinho conquista de imediato pela complexidade, denso, profundo, maduro e bem fresco com bouquet de qualidade a vincar bem a memória de quem o bebe, desde o cacau, à fruta bem sólida, limpa e madura com caixa de charutos, todas as especiarias costumeiras dos grandes vinhos da planície Alentejana, ligeiramente terroso. 

Implora por comida, por queijos e enchidos, por pratos bem condimentados tão nobres como uma perdiz estufada ou uma lebre com feijão branco. Na boca o prazer continua, saboroso com a fruta a explodir de sabor, bonita rusticidade numa estrutura que lhe confirma longos e bons anos de vida, vinho feito para durar pois claro. Um vinho que na altura do lançamento estava rijo, tenso, pouco falador e era um acto de cruel tirania abrir um vinho tão novo e promissor. Ainda que só tenham passado 6 anos, continua firme, a prova que dá é enorme e ter uma garrafa destas em casa sem a abrir é uma verdadeira tentação... eu não consegui resistir mais. 96 pts

Reserva do Comendador branco 2011

Continuamos deste lado a insistir na guarda dos vinhos, porque a evolução na grande maioria dos casos é sempre positiva, porque os vinhos de hoje entram em grande parte dos casos demasiado cedo nas prateleiras e nos copos dos apreciadores mais apressados. Na grande maioria dos casos não se guarda porque há que mostrar serviço nas redes sociais, mostrar perante os pares que se está vivo e sempre apetrechado da mais recente novidade no copo, nem que para tal se despejem vinhos que ainda nem acabaram de arrumar a casa. 

O vinho em causa proveniente da Adega Mayor (Campo Maior) como as anteriores edições têm mostrado, é dos que aprecia uma guarda mais prolongada, melhora substancialmente e refina todo o seu conjunto. Este 2011 foi abençoado com uma Talha de Ouro para Melhor branco do Alentejo, elaborado a partir de Antão Vaz, Arinto e Roupeiro, fermentou e estagiou seis meses em barricas novas. Um branco com bom corpo aliando-se a frescura, um final de boca fresco e amanteigado com toques da fruta, limpa e saborosa. Muita harmonia, classe, sinais de um tempo que o lapidou, mostra-se elegante, profundo e com uma bonita complexidade. Foi de fio a pavio, com um Bacalhau na noite de Natal, mais houvesse. Custa 15€ na loja online do produtor e justifica cada cêntimo. 91 pts

22 dezembro 2014

Feliz Natal


O Copo de 3, deseja a todos os leitores deste espaço e respectivas famílias, um Santo e Feliz Natal.

21 dezembro 2014

Vinhos para o Natal

Literalmente isto só vai acalmar quando toda a gente se sentar à mesa no próximo dia 24 de Dezembro, que está mesmo quase mas que enquanto não se chega lá a confusão generalizada em hipers, estradas, ruas parece que se apoderou das pessoas. Ora porque o brinquedo para o filho está esgotado aqui e temos de ir para outro lado procurar, ou porque o peru/cabrito deixou muito a desejar naquele lado e temos de ir atravessar meia cidade porque do outro lado a promoção até está em conta.

As sugestões, com preços variados e umas mais fáceis de encontrar que outras, digamos que se for frequentador de hiper consegue ficar fornecido com algumas, se for um rato de garrafeira será mais fácil chegar a outras. 

Espumantes
É o vinho ideal para as festividades, neste caso comemorar o estar em família, a oferta é alargada quase a todas as regiões de Portugal, há muito e bom com uma ampla variedade de preços. Apenas três sugestões tendo em conta variados gostos e carteiras.
  1. Adega Pegões Moscatel Graudo Meio Seco
  2. Lancers Bruto
  3. Lopo de Freitas Bruto 2009
Brancos
Na mesa de Natal o bacalhau é presença constante e porque as maneiras de apresentar o dito variam entre as mais básicas às mais elaboradas aqui ficam alguns dos grandes vinhos brancos feitos em Portugal.
  1. Soalheiro 2013
  2. Explicit 2012
  3. Quinta das Bageiras Garrafeira 2012
  4. Casal Sta Maria Chardonnay 2013
  5. Primus 2012
Tintos
O ponto alto da refeição, pede momentos de prazer sem saturar e que faça uma ligação perfeita com o que se tem no prato. Desde o cabrito ao polvo ou o peru as sugestões tem todas a elegância em conjunto com o traço da região e uma acidez/estrutura capaz de dar conta do recado.
  1. AdegaBorbaPremium 2011
  2. Quinta dos Roques Reserva 2011
  3. Duas Quintas Reserva 2011
  4. Luis Pato Vinha Barrosa 2011
  5. J de José de Sousa 2011
Sobremesa
O ponto de açúcar da refeição, onde a noite já vai longa e tudo começa a acalmar, é altura da entrada de grandes vinhos a acompanhar a mais variada doçaria da época, aqui os preços são também levados em conta, optando por optimizar a relação preço/satisfação.
  1. Barbeito "Rainwater" 5 Anos Meio Seco
  2. Bacalhoa Moscatel Superior 2001
  3. José Maria da Fonseca Alambre 20 Anos
  4. Grahams Porto Tawny 20 Anos
  5. Ramos Pinto Porto Tawny 20 Anos

16 dezembro 2014

O pior evento do ano...

No Sábado passado por entre a chuva  e as confusões do trânsito de Lisboa, tive a sorte de momentos antes de sair do parque de estacionamento a coisa ter acalmado,  prometia ser uma boa e feliz tarde de provas, mas estava e fui completamente enganado. Afinal de contas o motivo que me colocava no meio de Lisboa, ao frio e à chuva, era  muito prometedor e anunciava-se como a prova dos GRANDES VINHOS PARA 2015 EM PORTUGAL! by FlyingWines. 

O que prometiam  foi o suficiente para me fazer deslocar e gastar dinheiro, afirmam-se aqui e passando a citar como "Um dos mais esperados eventos do Ano", "Algo completamente novo no Mundo das Provas de Vinhos em Lisboa!" ou "Um evento único onde vai provar +50 Grandes Vinhos.", "Uma experiência única, exclusiva, imperdível! " com uma vasta lista de produtores tão variados como ALZINGER-AUSTRIA, COSSART GORDON-MADEIRA, DOMAINE SÉNÉCHAUX-FRANÇA, SA PRUM-ALEMANHA, SUSANA BALBO-ARGENTINA...
Agora digam lá se não é tentador e dá vontade de ir provar os vinhos destes e dos outros produtores ? A todos os que me perguntaram como correu a minha resposta foi sempre a mesma...ainda bem que não foram. 

E digo ainda bem, porque toda a expectativa com que vamos, esbarra e morre no imediato de uma sala acanhada com grande parte dos vinhos amontoados onde se tinha de espreitar a ver quais eram as marcas em prova, a grande maioria dos produtores anunciados na dita "experiência única" apenas estavam representados com um vinho que parece ter sido ali colocado de castigo e que de "Grande" pouco ou nada tinha. A sensação de estar numa prova de bairro feita numa garagem onde alguém comprou umas garrafitas de genéricos para meter em prova e se meteu à porta a cobrar entrada, mas depois diz na rua que tem ali uma prova do caraças com n produtores presentes. Tirando caso como Druida/Outrora, Herdade do Portocarro, Quinta de S.José, Rovisco Garcia, Planeta, Rui Reguinga, tudo o resto me pareceu pouco, muito pouco, pelo contraste entre o apresentado e a gama de vinhos dos produtores anunciados.

Para exemplos e poderei citar bastantes, desde a Carvalheira(Bairrada) apenas constava um espumante, dos vinhos Susana Balbo apenas vislumbrei um Colheita Tardia,  Alzinger apenas um vinho para espanto meu uma vez que estava perante o seu importador, para quem pensava que ia provar alguns vinhos Madeira da Cossart Gordon apenas encontrava um Bual 10 anos (apesar de numa lista constar outra referência) que ainda tive de chamar por ele de tão escondido que estava, Sénéchaux um dos motivos que me levou a ir nem sequer o vislumbrei, SA Prum apenas um vinho genérico meio perdido entre tantos outros, perguntei a um produtor presente por um dos seus vinhos e responde que apenas estava disponível para o jantar...será que ouvi bem? 

Achei todo aquele momento uma autêntica vergonha pela falsa publicidade que fizeram passar. Antes de se apelidarem de evento (que estão ainda longe de o ser) deviam tentar aprender com quem sabe do assunto, basta colocar os olhos no Adegga Wine Market esse sim um dos mais esperados do ano, único e imperdível. Neste caso dei o meu tempo e dinheiro como perdido, tive de pedir desculpas a quem foi comigo e a reclamação que fiz no local apenas valeu um sorriso da outra parte.

12 dezembro 2014

Henriques & Henriques

Durante muitos anos a família Henriques foi a maior proprietária vinícola da ilha da Madeira, com as primeiras vinhas plantadas por ordem do Infante D. Henrique no ano de 1425. Daquela que foi uma tradição familiar passou a empresa fundada em 1850 pelas mãos de João Gonçalves Henriques. Após a sua morte em 1912, foi criada entre os seus dois filhos, Francisco Eduardo e João Joaquim Henriques, uma sociedade que deu origem ao nome Henriques & Henriques.
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Henriques & Henriques Wine Lodge & Shop © Blend All About Wine, Lda.
Em 1968, com a morte do último Henriques, João Joaquim Henriques, conhecido por “João de Belém”, que não tendo descendentes fez com que a empresa fosse herdada pelos seus três amigos e colaboradores: Alberto Nascimento Jardim, Peter Cossart (que fez 53 vindimas na companhia) e Carlos Nunes Pereira. Em Junho de 1992, é feito um avultado investimento na construção de novas instalações em Câmara de Lobos e um novo centro de vinificação na Quinta Grande, onde em 1995 se planta um novo vinhedo, 10 hectares, sendo dos poucos produtores de vinho da Madeira que possui vinhas próprias. Foi o filho de Peter Cossart, John Cossart, que deu seguimento à gestão da empresa mas que acabaria por falecer em 2008. Num passado recente a multinacional francesa La Martiniquaise (dona da Justino’s Madeira) tornou-se sócio maioritário da H&H, passando desta forma a controlar cerca de 70% da produção total do Vinho da Madeira, mantendo-se o Dr. Humberto Jardim como C.E.O.
Alguns dos mais antigos vinhos da Henriques & Henriques, fazem parte do lote dos primeiros grandes Madeira que tive a oportunidade de provar e que me despertaram o interesse pelo Vinho da Madeira, por curiosidade eram todos Boal como por exemplo o Old Wine Boal 1887, Solera Boal 1898 ou o Reserva Velhíssima W.S. Boal que faz parte de um quarteto de sonho cujas diminutas quantidades já não permitem que sejam colocados em prova.
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Barricas de “Canteiro” Henriques & Henriques © Blend All About Wine, Lda.
Após a visita tive oportunidade e provar vários vinhos, destaque rápido para o descomprometido Monte Seco Extra Dry 3 Anos, feito a partir da casta Tinta Negra, cheio de retoques a lembrar um Fino de Jerez sem aquele característico toque da “flor” e que nos sugere um vinho ideal para acompanhar entradas, com uma abordagem simples, directo e bastante seco. Outros vinhos da Henriques & Henriques já foram devidamente abordados no artigo anterior da Olga Cardoso.
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H&H Verdelho 20 Anos © Blend All About Wine, Lda.
H&H Verdelho 20 Anos
Os Madeira 20 Anos são recentes no mercado, têm a particularidade de as quantidades serem reduzidas e o lote ir variando, por isso alguns são mesmo edições exclusivas e irrepetíveis. Neste caso é um Verdelho, casta que tem a particularidade de conseguir manter durante muito tempo os seus aromas e sabores frutados, algo que se destaca e bem neste vinho de muito bom recorte. Frutos tropicais com maracujá bem fresco, ananás em calda, especiarias, madeira velha, laca, melado, complexo a mostrar harmonia entre concentração e frescura. Boca a condizer, acidez bem presente com sabor inicial a fruta, abrindo depois num conjunto untuoso e com boa concentração, algum fruto seco a complementar, final longo e persistente.

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H&H Century Malmsey Solera 1900 © Blend All About Wine, Lda.
H&H Century Malmsey Solera 1900: Um dos vinhos emblemáticos deste produtor, perde-se no tempo a idade da Solera que lhe deu origem, remonta certamente ao séc XIX e o resto são detalhes que apenas enriquecem e aguçam a vontade de o ter no copo e contemplar o precioso líquido. Um vinho que transborda na complexidade, madeira antiga das barricas, frutos secos, passas de figo com nozes, mel, nariz de aconchego pela sensação de untuosidade e ao mesmo tempo de frescura. Caixa de charutos, desdobra-se como que por finas camadas de aromas e sabores, boca de veludo marcada pela frescura, concentração e uma tremenda elegância. Há vinhos que não se esquecem e este é certamente um deles.
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H&H Verdelho Reserva Ribeiro Real N.V. © Blend All About Wine, Lda.
H&H Verdelho Reserva Ribeiro Real N.V.
Este vinho e o momento que envolveu a sua prova, são a essência do que é o mundo do Vinho da Madeira, algo único, arrebatador e direi mesmo impossível de acontecer em qualquer outra parte do mundo. Para tal basta ter em conta que a responsável pela prova em mais de 19 anos a trabalhar na H&H nunca tinha sequer provado o dito cujo tal a sua raridade. Perde-se no tempo o registo capaz de nos dizer com precisão a sua idade, embora tudo aponte para a metade do século 19. Proveniente de vinhas localizadas na zona conhecida pelo Ribeiro Real, os mais de cinquenta anos que passou em Canteiro tornaram-no concentrado, glicérico, deram-lhe um refinadíssimo e profundo bouquet, ao olhar é percetível aquela bonita coroa esverdeada. O resto é um monumento à casta Verdelho, engarrafado em 1957, com aroma da madeira velha onde morou, laca, toques de laranja/toranja cristalizada, iodo, muita frescura e elegância num conjunto profundo e misterioso. Boca em perfeita sintonia, meio seco, saboroso com a concentração a ser compensada pelo arrasto mineral acompanhado por uma acidez que revitaliza o palato, repete o toque de toranja bem no final da boca. Inesquecível.


11 dezembro 2014

Herdade do Rocim Reserva 2011

Surge como novidade este Herdade do Rocim agora em modo Reserva, com base nas castas Touriga Nacional, Alicante Bouschet e Aragonez. Conjunto muito bem apresentado, preço a rondar os 15€, que nos mostra um pequeno salto qualitativo em relação ao Herdade do Rocim 2011 aqui provado, mais estrutura, mais peso, mais preparado para a passagem do tempo com um conjunto de fina estirpe onde a qualidade dos atributos se faz notar de imediato no copo. O ano de 2011 parece ter sido generoso na Herdade do Rocim, os tintos que estão a sair são todos eles merecedores de grande atenção por parte dos enófilos, a gama estende-se um pouco por todas as carteiras e dificilmente se ficará mal servido com qualquer um destes Rocim, incluindo o luxuoso Grande Rocim 2011 que acabou de ser lançado. 91 pts


08 dezembro 2014

Justino´s, Madeira Wines

A tradição do vinho na Madeira é secular, tudo começou no século XV quando o Infante D. Henrique ali mandou plantar vinhas de Malvazia/Malmsey importada da Grécia. Passados mais de 500 anos o Vinho Madeira tornou-se um dos ícones do Mundo do Vinho, quer pela longevidade quer pela qualidade, marcando presença em acontecimentos tão marcantes como por exemplo a Declaração da Independência dos Estados Unidos a 4 de Julho de 1776.
Na recente viagem à Madeira uma das empresas visitados foi a “Justino´s, Madeira Wines, S.A.” criada em 1953 mas cujo fundador foi Justino Henrique Freitas em 1870 quando ainda era uma companhia familiar conhecida como Vinhos Justino Henriques (V.J.H.). Em 1981 Sigfredo da Costa Campos compra a empresa e amplia o seu valor com a compra do stock da Companhia Vinícola da Madeira. Associa-se em 1993 ao grupo Francês “La Martiniquaise” e em 1994 muda-se das instalações no centro do Funchal para o Parque Industrial de Cancela onde se encontra até hoje. Com a sua morte em 2008 a empresa, passou a ser detida na totalidade pelo grupo Francês.
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Alinhamento dos 10 Anos (Sercial, Verdelho, Boal, Malvazia*) © Blend All About Wine, Lda.
A prova, excelente por sinal, foi realizada nas atuais e modernas instalações onde me deixou alguma saudade aquela atmosfera tão característica das adegas mais antigas por onde a passagem do tempo deixou as suas marcas e histórias. Felizmente essa carga nostálgica passou de imediato com a excelência dos vinhos que me iam sendo servidos.
Antes do destaque daqueles que mais gostei, um pequeno apontamento sobre os Justino’s 10 Anos das castas mais conhecidas (Sercial, Verdelho, Boal, Malvazia), vinhos que nos oferecem uma intensidade e maturidade acima da média. E é muito provavelmente a partir de aqui que se começa a melhor entender o “Mundo Madeira” em vinhos cuja harmonia de conjunto se mistura num bouquet mais adulto e que já nos permite sonhar com os patamares mais altos.
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Justino’s Terrantez Old Reserve © Blend All About Wine, Lda.
Justino’s Terrantez Old ReserveA Terrantez é uma casta rara e quase extinta, que envolve os vinhos a que dá origem com uma capa de mistério e fascínio. Estamos perante um vinho com mais de quarenta anos, alguns apontamentos tal como os toques esverdeados no rebordo indicam que pode ser bem mais velho que isso. Um vinho concentrado e profundo, notas de iodo, caril, laca, madeira de casco velho, frutos secos com bolo inglês, exótico e misterioso. Boca com entrada que envolve e forra o palato com travo untuoso de nozes e amêndoas, geleia de laranja, enorme elegância com aquela acidez que conquista num final muito longo e persistente.
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Justino’s Sercial 1940 © Blend All About Wine, Lda.
Justino’s Sercial 1940Pela alta acidez que a casta transporta para os vinhos, é a que mais tempo necessita para se desenvolver e mostrar em garrafa. De todos o meu favorito com muitas notas de maresia, muita amêndoa salgada, laca, complexidade e elegância, mel com casca de laranja cristalizada ao mesmo tempo que debita uma frescura bem afiada a embalar toda a prova. Grande presença no palato com ligeira untuosidade de frutos secos salgados, iodo, raspas de citrinos, muita emoção e sabor, mais uma vez a acidez em destaque num vinho a todos os níveis inesquecível.
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Justino’s Verdelho 1954 © Blend All About Wine, Lda.
Justino’s Verdelho 1954Um vinho que emana frescura e energia, complexidade a rodos num conjunto denso e até algo cerrado de início com aquele toque de limão muito maduro em geleia, chá verde, ramalhete de flores na companhia de nozes, muita vivacidade em conjunto pujante e seco. Boca em contraste com os aromas, cheio de sabor com notáveis apontamentos onde se destaca a secura que revitaliza o palato e convida a mais um trago, sempre com muito sabor e ligeiro toque de untuosidade num vinho que termina apimentado e com um enorme final.
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Justino’s Malmsey 1933 © Blend All About Wine, Lda.
Justino’s Malmsey 1933
Um grande vinho que mostra a razão pela qual não há vinhos comparáveis com os grandes Madeira, aqui a longevidade coabita com uma complexidade/frescura difícil de encontrar noutro local. Este é dos grandes, daqueles que conquista no imediato, sente-se por natureza da casta que é mais doce e “pesado” que os provados anteriormente. Grande complexidade com notas de caramelo de leite, passas de figo, laca, frutos secos, elegância entre conjunto e aquela acidez necessária que lhe dá enorme vida, café moído, caixa de charutos, especiarias, tudo muito bem pronunciado numa perfeita harmonia entre nariz e boca. Palato com passagem untuosa e fresca, com aquela pontinha doce no final que o torna pecaminoso.

06 dezembro 2014

Olho de Mocho Reserva branco 2013

O tempo em  que os vinhos de Antão Vaz surgiam no mercado carregados de notas de madeira nova, pesados e sem graça, felizmente parece ter acabado. Aqui temos o exemplo de como sempre deveria ter sido, um vinho elegante onde a madeira não ofusca a fruta de tons tropicais e citrinos que se mostra em primeiro plano, nota muito positiva para a frescura que cria uma boa harmonia com as notas de barrica a mostrarem-se muito bem integradas, suportado por uma boa estrutura na boca que lhe confere algum peso. Saboroso e a beber-se desde já com bastante agrado,  será vinho para perto dos 12€ e que acompanha bem carnes brancas ou uma combinação tão básica como por exemplo o bacalhau com natas. 90 pts

05 dezembro 2014

Herdade do Rocim branco 2013

Ano após ano a Herdade do Rocim afirma-se como um dos grandes produtores sediados no Alentejo, com uma gama de vinhos cheia de qualidade que tem sofrido as normais afinações de perfil ao longo dos primeiros anos de vida. Este branco Herdade do Rocim vem na linha de edições anteriores agora na colheita 2013, um Alentejano da planície feito à base das comadres Antão Vaz, Arinto e Roupeiro que apenas conhecem o frio do inox, com preço a rondar os 8€. Mostra boa frescura de aromas, muito citrino com folha de limoeiro, toque tropical com ananás e calda, flores, muito franco e directo. Boca a condizer onde a frescura comanda um vinho de corpo mediano, final de boa persistência. 89 pts

03 dezembro 2014

Porta dos Cavaleiros Reserva Seleccionada 1985


Sem produção própria ou sequer vinificação na região do Dão, as Caves São João limitavam-se a comprar vinhos nas adegas cooperativas e em algumas quintas da região para posterior estágio e loteamento na sua sede localizada na Bairrada. O grande conhecimento que os irmãos Alberto e Luís Costa detinham sobre a região nos anos 60, permitiu durante esse tempo adquirir/abastecer de forma continuada com alguns dos melhores vinhos de toda a região. A mestria com que dominavam a arte do lote e tendo em conta a qualidade da matéria-prima disponível, permitiu criar vinhos de enorme qualidade com um cunho muito próprio aliado a um perfil marcadamente clássico da região. Vinhos que perduraram na sua grande totalidade até aos dias de hoje, no silêncio das caves, onde residem nos dias de hoje mais de um milhão de imaculadas garrafas que resistiram à passagem do tempo. É pois todo um privilégio e uma rara oportunidade para os apreciadores poderem entrar nos dias de hoje em contacto com toda a glória e esplendor de tempos que já não voltam.

Sobre este 1985 que se mostra com um aroma clássico da região, quase que em forma de compêndio, mais fresco e definido que o 1983, menos denso embora de igual patamar de qualidade, aqui com a energia de uma fruta vermelha (bagas silvestres) muito viva, tabaco seco, fumo, ameixa seca, pinhal, cheio de finesse. Boca cheia de fruta viva e suculenta que apetece trincar, acetinado no palato, um autêntico prazer a beber, fantástico o equilíbrio e a frescura invejável. Um hino ao que de melhor o Dão e Portugal têm para oferecer. As condições de guarda têm muito a dizer sobre o estado de saúde do vinho, pelo que se recomenda a compra na loja do produtor onde deverá rondar os 35€.  96 pts

Porta dos Cavaleiros Reserva Seleccionada 1983



A par do 1985 este 1983 fará parte do lote restrito dos grandes clássicos da nação e que com o passar dos tempos tem sido exemplar de prova obrigatória para todos aqueles que desejam entender a grandiosidade da região e do produtor em causa. Mostra o aroma clássico que de imediato nos remete para a sua região de origem, o Dão. Precisa de tempo no copo, complexo e profundo com muito mato, caruma, ervas de cheiro, fruta negra (cereja, framboesa) sumarenta, bem limpa e fresca a ser acompanhada por notas de violeta, fumado, terroso e especiado (pimenta). Mais compacto que o 1985 com uma presença vegetal mais acentuada, pleno de harmonia na boca com muita fruta madura, cereja em destaque, pinheiro e especiaria, frescura que se destaca e que se conjuga de uma forma bonita com a fruta, corpo médio numa passagem acetinada pelo palato com muita vivacidade, final longo e persistente. Sirva-se com um cabritinho assado no forno. 95 pts

Quinta dos Lobatos 2013

Um tinto sobre a alçada da Quinta do Javali, a nova colheita que entrou no mercado, ligeiramente austero devido a ser ainda muito novo, fruta compacta e madura com alguma compota mas muito limpa, especiaria com muita pimenta preta, nota de esteva, carnudo, vai-se esticando e mostrando com o tempo no copo. Boca cheia de vigor e frescura com a fruta a explodir de sabor, secura no fim, pimenta preta, fundo mineral e prolongado.Bem estruturado o suficiente para ser companheiro de pratos de bom condimento com um preço que ronda os 10€. 90 pts

22 novembro 2014

Adega Regional de Colares

Entre a Serra de Sintra e o Oceano Atlântico, a 25km a Noroeste de Lisboa, situa-se uma pequena zona vitícola muito antiga com produção a remontar ao ano de 1255, aquela que é a Região Demarcada (desde 1908) mais ocidental da Europa e a mais pequena região produtora de vinhos tranquilos de Portugal.
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Sala dos Tonéis © Blend All About Wine, Lda.
A história do vinho de Colares é longa e perde-se nas páginas do tempo, os seus vinhos ainda hoje fazem parte das memórias dos seus apreciadores e são alvo de procura pelos mais dedicados e curiosos. Na verdade a região perdeu-se no turbilhão da era moderna, o comboio da novidade, caiu no esquecimento com o respectivo abandono progressivo da actividade por parte das gentes locais contribuindo isso em muito para que a quantidade de vinha que existia fosse desaparecendo.
O mais importante produtor da região, até pelo poder de certificar os vinhos DOC Colares, é a Adega Regional de Colares, que após receber as uvas vê os mostos serem posteriormente vendidos em bruto e trabalhados nas respectivas adegas dos associados como é caso a Adega Viúva Gomes. A Adega Regional de Colares foi fundada em 1931, reúne mais de 50% da produção da região e mais de 90% dos produtores da mesma.
Hoje em dia, passo a passo a região começa a despertar por resultado do esforço e dedicação de alguns produtores, para além da Adega Regional o principal centro de vinificação da região ainda se juntam mais dois novos produtores, a Fundação Oriente e o Casal Sta. Maria.
Parte desse esforço, dessa saudável teimosia de revigorar a imagem e qualidade dos vinhos da região tem um rosto, o enólogo Francisco Figueiredo (Adega Regional de Colares). Mostrando um brilho no olhar quando nos fala da região, dos seus vinhos e em especial da casta Ramisco, aquela que tanto gosto e defende. Foi toda uma manhã que apesar de ter começado chuvosa, se dedicou a explorar a região, os vinhos e as vinhas.
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Francisco Figueiredo © Blend All About Wine, Lda.
Focando apenas nas vinhas de chão de areia, cujas vinhas pré-filoxéricas evidenciam os contornos do tempo, tivemos a sorte e privilégio de assistir à vindima (foto abaixo) sendo bem visível quer as barreiras em cana que protegem as vinhas dos ventos e da maresia, como nas macieiras anãs de Maçã Reineta de Colares, tradicionais companheiras das vinhas de Colares.
A proximidade ao mar tem enorme influência nos vinhos: frescura, mineralidade, toque salgado com algum iodo fazem parte dessa diferenciação tão própria da região. Um património tão rico e único, com uma forte componente tradicional a ele associada.
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As vinhas de Colares © Blend All About Wine, Lda.
Enquanto a Malvasia Fina reina nos brancos de Colares, domina os vinhos pela salinidade, muita frescura num perfil quase sempre tenso enquanto novo, com uma evolução muito positiva que nos envolve com aromas de tisana, lápis de cera e rebuçado, vinhos que são a companhia perfeita para acompanhar pratos de peixe e marisco.
Nos tintos brilha a casta Ramisco, os vinhos a que ali dá origem destacam-se pela tonalidade aberta, pouco concentrados e nos melhores exemplares com longevidade assegurada. Vinhos de enorme elegância, muita harmonia com toque iodado a despertar nos mais longevos, enquanto novos mostram uma frescura muito boa, fruta viva e muito limpa com carga vegetal vincada numa estrutura assente em taninos que lhe garantem boa evolução.
Bastante interessante o poder comparar a evolução após respectiva prova directamente da barrica do Ramisco 2011 (o mais aguerrido com carga vegetal e secura vincada) e 2008 (uma delícia de vinho a mostrar uma grande evolução no copo, fruta muito saborosa e fresca com boa estrutura e taninos ligeiramente domesticados) e o já engarrafado 2006 (mais pronto, no entanto também mais polido e delicado que o anterior).
Arenae Malvasia Fina branco/white 2011
Um branco ainda muito novo, tenso, marcado pela mineralidade, toque salgado, muito citrino, algum lápis de cera com a tisana a surgir em fundo. Boca com muito boa acidez, boa definição num vinho com traço mineral e fim quase salgado, longo e bonito final. Perfeito a acompanhar umas Ameijoas à Bulhão Pato.
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Arenae Ramisco Red 2006 © Blend All About Wine, Lda.
Arenae Ramisco tinto/red 2006
Muito limpo no aroma a fruta vermelha (morango, framboesa, mirtilo), toque vegetal fresco a conferir ligeira austeridade ao conjunto, boa complexidade e profundidade. Especiaria, fundo bem fresco que nos guia durante a prova, palato cheio de sabor com secura no fundo. Fantástico a acompanhar uns bons nacos de novilho no carvão.

21 novembro 2014

Quinta dos Poços Reserva 2012


Novo Quinta dos Poços Reserva agora 2012, 12 meses em madeira com lote composto por Touriga Nacional, Tinta Roriz e Touriga Franca. Preço a rondar os 8€ num vinho proveniente do Douro, a mostrar-se bastante novo, com uma boa dose de auteridade que se destaca durante a prova. Nariz marcado pela fruta do bosque bem madura, recordações de esteva, café torrado, um vinho de bom recorte com frescura assente em estrutura média a pedir pratos de algum tempero. Pouco ou nada opulento, nada extraído, muito nervo com taninos a dar secura no final de boca com final persistente. Boa companhia para uma tradicional feijoada, uns pontos abaixo de colheitas anteriores. 89 pts

18 novembro 2014

Quinta do Javali SC 2012



Este vinho nasceu de um desafio lançado ao produtor por um amigo e ao mesmo tempo responsável pela sua distribuição em Portugal. O desafio foi aceite e o resultado é um vinho que nos dá uma prova de grande categoria, à semelhança de outros de perfil similar que encontramos em regiões lá fora. Não tão selvagem como o Javali Vinhas Velhas aqui tudo está mais macio e delicado sem que por um momento deixe de lado a energia característica dos Javali, conquista pela finesse que já mostra começar a ter, boa complexidade e harmonia entre poder/fruta/acidez que nos mostra ao longo de toda a prova. O que mais chama a atenção é o delicado e bonito perfume floral ao lado de groselhas e framboesas muito frescas e limpas, muito boa a definição de todos os aromas em versão mostruário. A barrica por onde passou arredonda os cantos com toque fumado e baunilha. Na boca mostra energia que domina todo o conjunto, grande harmonia com enorme presença no palato, denso com final muito longo. Um vinho de puro deleite para beber agora ou nos próximos 20 anos, o único senão o preço a debitar nos cerca de 250€ o que não impede de estar quase esgotado. 96 pts

17 novembro 2014

Alvear Pedro Ximenez de Añada 2011

O que acontece quando acabamos de beber um vinho com 100 pontos atribuídos por um reputado crítico internacional ? Não acontece nada, por vezes ficamos com a sensação do "só isto?" e parece que no copo falta sempre algo mais, neste caso não lhe vi nada que justificasse tamanha proeza aclamada como a dita perfeição. Independentemente dos pontos que tenha tido aqui ou ali o vinho em causa sempre foi excelente mesmo naquelas colheitas menos pontuadas. Umas mais equilibradas que outras mas sempre com aquela dose massiva de açúcar que sempre se torna dona e senhora de toda a prova. Neste caso o factor "vinho 100 pontos" viu o preço aumentar dos normais 10€ para cerca dos 25€. É vinho para quem gosta de emoções fortes, para quem gosta de apanhar o boi pelos cornos, é um colosso de tal maneira violento e com uma densidade no palato que varre no imediato a quase totalidade dos vinhos fortificados que surjam ao lado dele. Como se não bastasse ainda nos invoca toda uma complexidade que desenvolve no copo, envolta em grande frescura. Destaque para a frescura que o embrulha e dá longa vida a toda a fruta em passa (ameixa, figo), mel, tâmara, rosmaninho, laranja amarga, avelã... o resultado é uma noite inteira de roda do copo. 96 pts

07 novembro 2014

Dona Maria Rosé 2013


A cada ano que passa este Dona Maria Rosé mostra-se mais afinado e sério, com uma invejável capacidade de proporcionar prazer. Sem cansar está marcado pela delicadeza dos aromas frutados e florais com uma frescura que o envolve, o vinho sabe bem, apetece beber um e outro copo, os seus 12,5% ajudam à festa. Tem a estrutura suficientemente para lhe proporcionar uma satisfatória evolução na garrafa, embora nesta fase seja uma verdadeira tentação com a fruta suculenta a dançar no palato, preço a rondar os 8,5€. Um dos vinhos que faço questão de ter aqui por casa, neste caso companheiro à altura de uma caldeirada de lulas. 93pts 

05 novembro 2014

Adega Mãe

O projecto Adega Mãe é fruto da mais recente aposta do Grupo Ribeiralves, reconhecido pelo comércio e transformação do bacalhau, agora no sector do vinho após compra de uma quinta perto de Torres Vedras. Nos 45 hectares da propriedade, por entre olival e pomares reinam os 35 hectares de vinha divididos entre encepamentos tintos (Aragonez, Caladoc, Alicante Bouschet e Syrah) e brancos (Chardonnay, Sauvignon Blanc, Arinto, Viosinho, Viognier, Riesling e Alvarinho).
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Adega Mãe © Blend All About Wine, Lda.
A primeira vindima foi em 2010, apenas se produziram tintos, num projecto onde o principal objectivo é fazer o melhor possível para que sejam vendidos a um preço médio baixo. E como o Grupo Ribeiralves e Bacalhau andam de mãos dadas, surge a homenagem à pequena e ágil embarcação com pouco mais de cinco metros de comprido, que partindo dos bacalhoeiros apenas regressavam com o seu interior repleto de pescado. A esta típica embarcação os Ingleses chamavam de Dory, o nome que surge para baptizar os principais vinhos da Adega Mãe.
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Loja Adega Mãe © Blend All About Wine, Lda.
A adega é muito bonita e encontra-se bem enquadrada com a paisagem, destaque para a belíssima vista panorâmica que se tem desde a varanda principal. Tudo pensado ao detalhe com uma foste aposta no enoturismo, desde a loja às inúmeras ofertas que vão desde visitas, provas, harmonizações…
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Vinhos Provados © Blend All About Wine, Lda.
Adega Mãe Viosinho 2013
Mostra uma boa frescura, com muitos citrinos, pêssego, toque fumado no fundo. Boca de estrutura mediana, boa frescura, presença da fruta com toque salino no fundo.
Adega Mãe Chardonnay 2013
Conjunto fresco que junta lado a lado a fruta (citrinos) muito madura e fresca com toques amanteigado (8 meses em barrica, com batonnage), harmonia em conjunto fácil de gostar. O peso da fruta que tem é equilibrado pela frescura, num conjunto elegante.
Dory Reserva tinto 2011
Lote de Touriga Nacional (25%), Syrah (50%) e Cabernet Sauvignon (25%), terroso e especiado com muita fruta madura (bagas, amora, mirtilo), toque balsâmico com chocolate, intenso e cheio de energia. Na boca estrutura firme, ligeira rusticidade com taninos firmes, fruta gorda e saborosa pelo meio em final seco e prolongado.

29 outubro 2014

Château de Fesles - Bonnezeaux 2003

Os vinhos do Loire (França) fazem parte do lote dos meus favoritos, gosto da variedade de estilos que encontramos nas castas Melon de Bourgogne, Chenin Blanc, Sauvignon Blanc ou Cabernet Franc, da belíssima capacidade de envelhecimento que grande parte dos vinhos tem e pela identidade muito própria do local que alguns produtores conseguem sabiamente transmitir através dos seus vinhos.

Em Anjou-Saumur reside a melhor expressão da uva Chenin Blanc, a pequena Coteaux du Layon alberga duas fantásticas AOC, Quarts de Chaume e Bonnezeaux, exclusivas para vinhos doces de topo. Em destaque o Chateau de Fesles 2003, um belíssimo vinho onde surge a botrytis acompanhada de um fantástico equilíbrio entre a riqueza da fruta e a acidez. O vinho conquista no imediato, envolvente e sedutor, untuoso e delicado com notas de pêssego e laranja, noz moscada, baunilha, fundo a desvendar a botrytis de forma subtil e muito elegante a mistura entre sensação de cremosidade com toda a frescura de uma fruta muito limpa e rodeada de aromas muito bem detalhados. Não compromete em momento algum, untuoso no palato, forra tudo com saborosas notas de fruta, especiarias, calda de fruta bem fresca, aveludado mas profundo e delicioso... uma tentação pois quando o copo esgota procuramos por mais uma gota na garrafa. 94 pts

28 outubro 2014

Porto Ferreira Dona Antónia Reserva

O relançamento da marca de Vinho do Porto bem conhecida da mesa dos Portugueses fica marcado por uma renovação de imagem de toda a gama e pelo lançamento de Dona Antónia Reserva Branco. Este Vinho do Porto Branco vem assim juntar-se ao já existente Reserva Tawny em mais uma homenagem à Ferreirinha, uma mulher carismática, visionária e verdadeiramente apaixonada pelo Douro, considerada hoje uma personalidade incontornável daquela região.

Os dois vinhos são fáceis de gostar, mostram um perfil cativante e prazenteiro capaz de proporcionar bons momentos a todos aqueles que por cerca de 10€ os levarem para casa. Enquanto que o Reserva Tawny é um velho conhecido, aquele vinho que tantas vezes surge à mesa naquela momento festivo como por exemplo no Natal. Mostra-se agora melhor que nunca, adaptado aos tempos modernos, mais atrevido e roliço, ganhando algum peso na fruta (ameixa, alperce) e frutos secos, boa compota, bouquet tentador com notas de boa evolução, fruta passa. Boca com passagem rica e saborosa, muita presença da fruta, em harmonia entre frescura e doçura. Perfeito a acompanhar um Bolo Inglês ou Bolo Rei.

É uma nova aposta e ao mesmo tempo um retomar uma velha tradição da casa, o vinho é todo um novo desafio e ao mesmo tempo uma deliciosa experiência que abre novos caminhos no que toca a acompanhamentos com a gastronomia mais festiva. A começar pela panóplia de aromas que nos surgem e aguçam o apetite, muito floral com madeiras, laranja, tudo com boa intensidade envolto num aroma guloso e envolvente. O fundo é especiado, um toque de caril, fruto seco, pêssego em calda com um grande equilibrio na boca, fresco e boa dose de doçura com fruto seco melado num final muito longo. Servido fresco com umas filhoses enroladas com mel.
 
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