Copo de 3: fevereiro 2014

24 fevereiro 2014

LA BOTA DE PEDRO XIMÉNEZ Nº12

Os vinhos feitos com base na casta Pedro Ximenez são em muitos casos excessivos, autênticos sequestradores de palato onde perduram por tempo sem fim, muitos deles quase que se mastigam tal a sua densidade. Entre extremos encontramos os melhores exemplares, vinhos de puro deleite capazes de nos catapultar para outra dimensão, onde a complexidade adquirida ao longo de décadas alia-se a uma frescura e elegância muito própria. O resultado de tudo isto só podia resultar na excelência de vinhos únicos e em muitos casos, raros e preciosos. 

O Equipo Navazos lançou em Fevereiro de 2008 duas versões de Pedro Ximenez, o Nº11 proveniente de Jerez e o Nº12 proveniente de Montilla-Morilés. Do Nº12 apenas foram engarrafas 1400 garrafas, 10,5% Vol. de um caldo com aproximadamente 27 anos de estágio, proveniente da mais antiga Solera de Pedro Ximénez da Bodega Pérez Barquero. Resulta menos pesado e de enorme elegância, com menos traçado de oxidação que outros vinhos desta natureza, porventura pelo facto de ter estagiado/repousado em botas completamente atestadas ao contrário do seu primo de Jerez. Embrulha-nos numa fina e rendilhada complexidade, lascivo nos aromas que já são conhecidos e repetidos pelos seus conhecedores (fruta passa, café, melado, figo seco) apenas neste caso estão melhor delineados, tudo limpo e capaz de seduzir o mais rabugento consumidor. Na boca repete a festa, entra amplo, conquistador, palato preenchido e a transbordar de fruta em passa, especiarias doces, caixa de charuto, tudo delicado, derrete-se no palato num final quase eterno. Sirva-se fresco a acompanhar chocolate negro do mais puro, a festa está garantida. Na mesma onda de excelência e de mais fácil acesso recomendo o Pérez Barquero La Cañada Pedro Ximénez. 95 pts

20 fevereiro 2014

Quinta das Bágeiras Garrafeira branco 2011

Nascido e criado pela mão de sábios na Quinta das Bágeiras (Bairrada), onde Mário Sérgio Alves Nuno à muito elevado a produtor de culto, sediado em Fogueira e que desde 1989 nos fascina com vinhos fora de modas, com um perfil vincado por uma tradição que não é esquecida dentro daquelas paredes. 
O Garrafeira branco estreou-se em 2001 e é daqueles vinhos que implora por tempo de garrafa, apesar do tempo que já esperou ele pede sempre mais, porque é com o tempo que ganha complexidade e requinte, é no tempo que se torna grandioso e único, adquire toda uma decadência Outonal que tão bem liga com grandes e nobres peixes assados no forno. 
Faz a festa em copo largo este 2011 (garrafa 2891 de 3213), transpira Bairrada desde que nos cai no copo, muito citrino e algum alperce, com leve rezina, flores, ervas aromáticas com nota fumada da madeira por onde passou contribui com sensação de arredondamento, serenou-lhe o espírito. Boca a condizer com nariz, suculento com acidez presente onde se nota boa secura final, vinho que vai em crescendo. A revisitar daqui por um par de anos e que por coisa de 12€ a garrafa merece estar na garrafeira de todos aqueles que gostam de um grande vinho branco. 92 pts

18 fevereiro 2014

Terra a Terra Reserva branco 2011

Irmão mais novo do Quanta Terra, pertença do mesmo projecto liderado pela dupla Celso Pereira e Jorge Alves. Aqui temos um branco cujo preço aponta para coisa de 8/9€, colheita de 2011 com direito a passagem/fermentação em madeira, lote de castas tradicionais da zona como o Rabigato, Códega do Larinho, Gouveio e Viosinho. Centrado numa fruta opulenta e fresca, muito citrino com fruta de polpa branca, flores amarelas, todo ele muito pronto, até no tropical que desponta com o tempo de copo passando para o travo de leve baunilha que a barrica lhe deu. Na boca é macio, corpo mediano com toque da fruta mas um pouco espaçado e esquecido a meio do palato... um vinho convidativo a pedir comida por perto, que nesta colheita ficou um pouco abaixo da edição de 2009. 89 pts

13 fevereiro 2014

Quinta da Murta Clássico 2012

Em Bucelas (Lisboa), na Quinta da Murta os vinhos ganharam nova roupagem mas também ficaram mais airosos, limpos e arrumados. O branco Clássico não é sequer novidade no Copo de 3, já aqui andou numa colheita anterior e se teve em prova aquele que lhe deu origem. Este vinho será aquele que mais detalhe mostra e mais atenção precisa dos brancos produzidos por este produtor. Nele mora a inquietude do enólogo Hugo Mendes em conjunto com a beleza da casta Arinto de Bucelas, demarcando-se pela diferença e cativando por isso mesmo. É um vinho arisco, formoso, apetecível e com um travo exótico/misterioso qual odalisca das arábias. Exala um perfume que se mantém colheita após lançamento, numa muito sua complexidade bem delicada e aqui nesta nova colheita a madeira nota-se bem menos, porque é essa a vontade de quem o faz, no entanto o vinho arredonda nos cantos, ganha aquele balanço bonito na boca, sempre com a acidez muito presente que prolonga e revitaliza o prazer em todo o palato. Mantém o registo a que me vem acostumando, perdendo peso da madeira mas ganhando pelo conjunto mais afinado e limpo de aromas. Vale certamente os 9€ que custa na loja do produtor e o envelhecimento será bastante satisfatório, caso consigamos guardar algumas. 91 pts

12 fevereiro 2014

Dominio del Bendito Las Sabias 2008

Será este um dos vinhos da vizinha Espanha e neste caso da sua D.O. Toro que mais prazer me dá no copo. É das mãos do Anthony Terryn no seu Dominio del Bendito que vão saindo estas maravilhas sendo o apogeu alcançado no El Titán.  Aqui neste caso damos um salto em frente para encontrar novamente um vinho muito sério (como todos os que cria) mas ao mesmo tempo divertido, envolvente com bastante harmonia de conjunto, potente e com muita vida pela frente. Não estará tão pronto nem tão macio como o El Primer Paso, aqui ligeiramente mais rústico, taninos mais afiados e presentes, continua a ter toda a fruta madura e ligeiramente em passa lá no fundo, mistura-se com especiaria e tosta, apontamento de regaliz embrulha o restante conjunto com ramo de cheiros. Quase que apetece lamber o copo, trincar a fruta e lamber os dedos, a frescura que o envolve serve de batuta. Com preço a rondar os 19€/20€ é vinho para a mesa, para assados, para grandes e nobres pedaços de carne grelhada, é daqueles vinhos que se bebe com os amigos em amena cavaqueira, por curiosidade é daqueles que raramente sobra. 93 pts

08 fevereiro 2014

Mengoba branco 2011

O projecto pessoal do enólogo Gregory Pérez teve origem em 2007 no Bierzo, dá pelo nome de Bodegas Mengoba, ali dominam a Mencia, Godello e Doña Blanca. O que agora me cai para o copo, o Mengoba branco 2011, lote resultante de Godello que fermenta em foudres de 5000 litros e Doña Blanca em inox, estágio 6-7 meses sobre as borras (sur lies). O vinho em nada denota a tonalidade amarelo dourado com que outros "companheiros" da mesma casta (Godello) apresentam. Aqui tudo muito mais desafogado, sem notas pesadas ou untuosidade excessiva associada, subtil complexidade assente num conjunto bem fresco, longo e persistente. Mostra boa limpeza da fruta madura e exótica, a madeira onde nadou imprime ligeiramente a sua marca, arredondamento ligeiro nos cantos. Harmonia mas a conseguir mostrar que tem nervo e garra no palato, presente com mineralidade e fruta de qualidade, ligeira gordura a meio num conjunto todo ele de grande gabarito. Custou não mais de 15€ e foi um deleita a acompanhar um queijo no forno com oregãos. 93 pts

03 fevereiro 2014

Quinta da Murta branco 2012

No reino da casta Arinto (de Bucelas), leia-se Bucelas, a Quinta da Murta destaca-se cada vez mais pela qualidade e pureza dos seus vinhos, neste caso falo do Quinta da Murta branco 2012 vinho que apenas passa pelo frio do inox. Brilha aqui a casta Arinto em todo o seu esplendor, num vinho quase que de compêndio no que à casta diz respeito. Sem grandes exuberâncias, dominado por aromas limpos de fruta (maçã verde, lima, limão), camomila, apontamento vegetal (erva), todo ele tenso e acompanhado por uma boa carga mineral em fundo. Na boca continua a boa prestação, bem seco com acidez muito presente, envolto em sabores de fruta indo de encontro ao já destapado no nariz, mostrando-se com nervo e firmeza. Promete uma boa evolução em garrafa, como comprovado em anteriores colheitas, mostrando desde já uma grande apetência para a mesa, neste caso a rondar os 5€ na loja do produtor. 90 pts
 
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