Copo de 3: maio 2015

29 maio 2015

Como nasce uma medalha... 4º Concurso de Vinhos do Douro Superior by Revista de Vinhos

É aqui que tudo se decide...
Muito se tem escrito e debatido sobre as famigeradas medalhas que habitam em rótulos e garrafas das mais variadas regiões. Durante este texto o que pretendo é contar a minha experiência e contributo num concurso que se realizou recentemente. Se a subjectividade da prova estará sempre presente da parte de quem prova com o gosto pessoal a ser determinante, o grau de exigência e responsabilidade exige que sejam tidos em conta factores como a coerência ou seriedade.
As duas salas estavam repletas de provadores, cinco por mesa onde um assume o papel de presidente de mesa e fica responsável por orientar o debate e recolher as respectivas folhas de prova de cada um dos elementos. Na mesa que me calhou apenas iríamos provar 23 vinhos entre brancos, tintos e vinho do Porto, para além de todas as mesas provarem também os três finalistas de cada categoria. Era cedo e o relógio já apontava para as 9 horas da manhã, à espera de serem provados estavam mais de 100 vinhos, daqui iriam sair os grandes vencedores com as respectivas medalhas do 4º Concurso de Vinhos do Douro Superior nas categorias de vinho Branco, Tinto e Vinho do Porto.

Em prova cega foram sendo servidos seis vinhos de cada vez, fomos entretanto informados que uma vez que havia pouco vinho para ser provado teríamos mais tempo para dedicar a cada ronda, óptimo. Para avaliar os vinhos que iam caindo nos copos apenas teria de utilizar o meu critério e pontuar mediante a escala colocada à disposição, sem necessidade de andar a somar pontinhos de visão, olfato... o que a meu ver dispersa a atenção de quem prova. Será normal que em mesas onde o critério seja mais amplo as notas sejam elas mais altas face a mesas onde o cunho apertado e exigente dos provadores se contrasta nas notas finais.

Os primeiros seis vinhos foram brancos, as evidentes diferenças entre eles dariam azo a grande discussão entre os provadores da minha mesa com as diferenças pontuais no final a não divergirem muito face aos vinhos que tinham sido apresentados. Discussão que se iria prolongar pelas restantes rondas, duas de tintos e uma de Porto com quatro Vintages. Com os dados lançados e as pontuações atribuídas, seria altura de uma pausa e no regresso estavam à nossa espera a ronda dos finalistas, os três melhores vinhos apurados de cada tipo. Desta vez apenas se pediu para colocar na folha de prova por ordem de preferência, colocando o número 3 para o que se gosta mais e o 1 para o que se gosta menos. Os resultados apenas seriam divulgados no dia seguinte, com algumas surpresas e outras confirmações, desta forma nasceram os grandes vencedores do 4º Concurso de Vinhos do Douro Superior organizado pela Revista de Vinhos.

Os grandes vencedores: Bons Ares branco 2013, Duorum Reserva 2012 e Ramos Pinto Ervamoira Vintage 2005

27 maio 2015

Volúpia branco 2014

É a faceta mais inovadora deste produtor, o Volúpia 2014, que vem embrulhado numa das obras da poetisa calipolense Florbela Espanca. Invocando a voluptuosidade e sedução, desejo e sabor, busca de harmonia e prazer de beber uva branca. Um desejo de amar perdidamente, amar só por amar, aqui e além. Seria assim que Florbela Espanca definiria este vinho branco cheio de poesia, carregado de sensualidade e irreverência, profundamente pessoal e feminino. Composto por Sauvignon Blanc (50%), Chardonnay (35%) e Maria Gomes (15%) provenientes da Carregosa com apenas passagem por inox. O resultado é diferente, de aroma complexo e muito fresco, perfumado e cheio de notas de fruta muito madura, limpa e que apetece trincar. É acima de tudo um vinho de perfume delicado, cativador, com uma prova de boca onde conjuga volume com frescura de forma graciosa. Custa coisa de 4€ e tem acidez e estrutura que lhe dão a capacidade de acompanhar pratos de tempero mais oriental, ou que se deixe brilhar a acompanhar as mais variadas tapas ao final de tarde no terraço. 90 pts

São Domingos branco 2014

O São Domingos branco 2014 mostra-se fiel ao perfil Bairradino com o lote a ser dominado pelas locais Maria Gomes (80%) e Bical (20%). As uvas oriundas de S. Lourenço do Bairro, Vilarinho do Bairro e Ventosa do Bairro, criadas em solo areno-argiloso deram origem a um branco apenas com passagem pelo frio do inox. Aroma muito limpo com fruta em evidência, citrinos, polpa branca, flores a dar perfil cheiroso em muito boa envolvente tanto em nariz como na boca. Boa presença no palato, fruta limpa a fazer-se sentir, mostra alguma garra com alguma secura mineral de fundo. O preço ronda os 2,50€ , acompanha marisco, um peixe-espada no carvão ou até mesmo uma sopa de peixe. 88 pts

26 maio 2015

Real Companhia Velha Séries Samarrinho 2013


Após um aprofundado estudo, liderado pela equipa de viticultura, descobriu-se que a casta Samarrinho era uma presença incontornável nas Vinhas Velhas do Alto Douro. Pedro Silva Reis, presidente da Real Companhia Velha, acredita que a Samarrinho pode mesmo tornar-se numa referência para os brancos da região, pelo que a empresa decidiu já avançar para um processo de apuramento clonal que está a ser desenvolvido com o Instituto Superior de Agronomia. O problema é, para já, o material genético existente — que se encontra em acelerado processo degenerativo — se mostrar muito sensível a doenças como o desavinho e bagoinha, o que fez com que se perdesse toda a colheita de 2014.

Um vinho único e raro, apenas foram produzidas 860 garrafas, de uma uva até hoje desconhecida e que nos vem demonstrar todo o potencial que Portugal tem para se afirmar no mundo dos vinhos pela diferença e identidade muito própria dos seus vinhos. Este Samarrinho prima pela diferença com um carácter vincado, nariz de grande definição que mistura fruta de polpa branca com fruta de caroço, mel, muita frescura, flores, com algumas semelhanças a exemplares da casta Riesling. Na boca é marcado pela frescura, em corpo mediano que se funde com boa untuosidade, fruta em calda, fundo mineral e seco a mostrar-se com nervo e sem esconder boa apetência para evoluir em garrafa. Difícil encontrar face à escassa produção, com preço a rondar os 14€. 93 pts.

Colecção Privada Domingos Soares Franco Moscatel de Setúbal 2004


Nasceu na José Maria da Fonseca fruto de uma investigação que durou cinco anos de ensaios com quatro tipos distintos de aguardente: neutra, Cognac, Armagnac e 50/50 Cognac Armagnac. Resultado foi que prevaleceu a escolha no Armagnac pela subtileza, frescura, complexidade e harmonia que mostra durante a prova. O envelhecimento é feito em cascos de madeira usada, sem estágio posterior em garrafa pois não evolui após o engarrafamento.

Sem ter todo aquele porte mais denso e melado que os exemplares mais velhos e de categoria Superior, este Coleção Privada Domingos Soares Franco 2004 banhado em Armagnac mostra-se fresco e delicado, ao mesmo tempo que desperta o lado mais guloso. Muita tangerina, caramelo, alperce, tília, muito bem composto com um palato forrado de sabor, elegante e suavidade da fruta com caramelo e calda de laranja, acidez muito presente até final. Despedida longa e persistente, numa belíssima harmonia entre as sensações tanto do aroma como do palato. Para mim que sou guloso é parceiro ideal com uma torta de laranja. 94 pts

21 maio 2015

Em semana cheia de comemorações das mais variadas, fica aqui a modo de pequeno lembrete que o Copo de 3 comemora o seu 10º Aniversário Online.

Uma nota de agradecimento a todos os que durante estes 10 anos por aqui passam e a todos aqueles com quem tenho o gosto de partilhar umas garrafas à mesa. Obrigado.

14 maio 2015

Blandy´s Verdelho 1973

Vinho de uma só colheita, envelhecido em cascos de Carvalho Americano durante 41 anos até que foi engarrafado, cerca de 985 garrafas, em 2014. Mais do que pronto a beber é aconselhado abrir dois dias antes do consumo. No estilo Meio Seco apresenta-se este Blandy´s Verdelho 1973, mais um caso muito sério desta casa e que apenas reforça este estilo de vinho único no Mundo. 

Indiscutível a enorme qualidade deste grandioso exemplar que o tempo afinou com precisão e requinte, contido de início mas muita complexidade a pedir tempo para se mostrar. Com um bouquet muito vasto composto por finas camadas de aromas como por exemplo frutos secos, charuto, maracujá, iodo ou madeira exótica, podemos passar um fim de noite inteiro a divagar pelos copo. Envolvente a frescura num conjunto com muita harmonia, cheio de vivacidade, presença marcante no palato, muito bom volume num misto de untuosidade com secura ligeira no final longo e muito persistente que lhe confere uma outra dimensão, colocando este Verdelho na galeria dos grandes desta casa. 97 pts

13 maio 2015

Covela Reserva branco 2012

Se os brancos Covela Edição Nacional, em versão Arinto ou Avesso, já de si eram belíssimos exemplares, há que fazer a vénia perante a excelência da primeira colheita deste Reserva da Quinta de Covela. Os dois primeiros são vinhos acutilantes, onde se destaca acima de tudo a pureza e a frescura de aromas e sabores, com a mineralidade bem assente em fundo. Este Reserva conjuga madeira/fruta/frescura num conjunto onde a palavra de ordem é harmonia. Se no primeiro instante são bem evidentes os toques de baunilha e um ligeiro amanteigado, a frescura faz-se notar logo a seguir ao lado de fruta bem madura, ervas de cheiro, rasgo mineral em fundo, num conjunto de bela complexidade. Por momentos podemos pensar estar perante um vinho oriundo de outras paragens mas é mesmo em Portugal que ele nasce, e o pensar desta forma apenas o engrandece ainda mais. O lote é composto pelas castas Chardonnay, Avesso, Arinto e Viognier que passaram 14 meses em barrica e o resultado está à vista, num vinho com preço a rondar os 25-30€. A beber em copos largos com todo o tipo de bicho do mar, pessoalmente opto por uns filetes de peixe-espada preto com molho de manteiga e limão e batata a murro e não se fala mais nisso. 94 pts

09 maio 2015

Richard Mayson’s Guide to Vintage Port

Richard Mayson’s Guide to Vintage Port

Num país com tão vasto e rico património, neste caso no que a vinhos fortificados diz respeito, custa-me a entender que não haja sequer uma edição atualizada deste calibre escrita por algum dos especialistas nacionais na matéria sobre Vinho do Porto. Desta forma temos de agradecer a quem vem de fora e com largas décadas de experiência acumulada a escrever sobre vinhos Portugueses, lance uma edição gratuita, leu bem, deste fantástico guia sobre Vinho do Porto.

O autor é Richard Mayson, bem conhecido por obras como Portugal’s Wine and Winemakers, The Wines and Vineyards of Portugal ou o best-seller Port and the Douro que vai na terceira edição de onde este Guia foi retirado. Uma obra que resulta do trabalho de largos anos a visitar produtores e a provar com eles lado a lado, recolhendo desta maneira o máximo de informação possível. Richard Mayson é um profundo conhecedor dos vinhos de Portugal e um especialista no que a fortificados, lançando muito em breve um livro dedicado ao Vinho da Madeira. É também produtor de vinho (Sonho Lusitano) que se juntou a Rui Reguinga naQuinta do Centro (Portalegre) onde cria os seus Pedra e Alma, Duas Pedras e Pedra Basta.

Mas centrando as atenções neste seu Guia do Vinho do Porto, que mostra ser uma grande mais-valia e ajuda para melhor entender o que caracteriza cada ano com chamadas de atenção para os que no seu entender são os melhores exemplares no mercado. O livro de 160 páginas começa com uma breve introdução sobre a produção de Vinho do Porto seguindo pela cuidadosa análise de cada colheita, desde 2013 até 1844 o mais antigo provado pelo autor. Podemos encontrar ainda umas breves notas de como guardar, envelhecer e servir o Vinho do Porto, terminando com umas breves notas acerca dos principais produtores. Se já se recomendava a compra do livro, ter este guia bem perto no smartphone ou no tablet é mesmo obrigatório.

08 maio 2015

Torais

Foi há 25 anos atrás que Fernando Pereira Coutinho descobriu no Alentejo a Herdade de Torais, perto de Montemor o Novo. E com a ajuda de um Engenheiro Agrónomo amigo decidiu, em 1990, comprar a propriedade. Naquela época o objectivo principal da compra da Herdade era iniciar uma exploração agro-pecuária razoável onde as receitas simplesmente pagariam as despesas. Nos primeiros cinco anos, Fernando Pereira Coutinho dedicou-se ao gado e aos cereais, para alimentar o mesmo. Mas em 2002 decidiu expandir o negócio e começou a plantar vinha, cerca de 20 hectares, plantados entre 2002 e 2003.

Foram dois os vinhos da Herade de Torais em prova, o Torais branco 2013 cujo lote é contemplado pela trilogia Alentejana formada por Antão Vaz, Arinto e Verdelho. Um branco que combina a boa presença da fruta, muitos citrinos com frutos de pomar, bem redonda e sumarenta com frescura. A ligeira passagem por madeira conferiu alguma serenidade, elegância. Boa passagem de boca, novamente o destaque apenas e só na fruta, sem distrair com fogos de artificio, saboroso com bom corpo e ligeira secura final. 89 pts
 O Torais tinto 2012 é composto por um lote extenso, desde o Syrah, Aragonês, Alicante Bouschet, Trincadeira a terminar no Cabernet Sauvignon. Novamente o centro da atenção é a fruta, carnuda e com boa frescura, faz-se notar uma leve austeridade com a passagem por madeira contribuindo para a boa complexidade de todo o conjunto. Vinho com raça, algum vigor que lhe dá seriedade e calibre para pratos de bom condimento. 89 pts

06 maio 2015

Iº WINE BLOGGERS CHALLENGE | 9 Maio 2015


O Blog Comer, Beber e Lazer, organiza no próximo dia 9 de Maio, o 1º Desafio Bloggers Challenge. no Restaurante  A Tendinha, em Mem Martins. Uma iniciativa que se quer diferente, estimulante e divertida e que conta com a participação não só dos Bloggers convidados, como também de todos os interessados que gostem de vinho e de comida.

Mas o que é o Wine Bloggers Challenge? O Wine Bloggers Challenge não pretende ser uma competição ou uma batalha entre Bloggers. Será antes de mais um evento informal no qual, num frente a frente saudável, dois Wine Bloggers irão apresentar aos participantes algumas sugestões de Vinho para os pratos servidos pelo Restaurante. 

Tendo como base principal a Carta de Vinhos do Restaurante onde ocorre o evento serão escolhidos dois vinhos por prato. Um por Blogger. Com a Entrada, o Peixe e a Carne serão servidos 6 vinhos diferentes e a eleição da melhor harmonização será efectuada no momento pelos participantes na refeição. Entre pratos, cada Blogger irá ainda justificar, em poucas palavras, a sua escolha de vinho e responder a algumas questões. Serão servidos ainda mais dois vinhos em ligação com a comida, no inicio da refeição e sobremesa.

Para além de pretender ser uma experiência diferente e interactiva, os objectivos desta iniciativa são, em primeiro lugar, a promoção do Vinho no Restaurante, a promoção da sua carta de Vinhos e a ligação inseparável entre comida e vinho à nossa mesa. Para além disso, apresentar o Blogger como alguém que pode ser cada vez mais uma opção séria na divulgação e promoção do Vinho ao consumidor.

Os vencedores deste desafio serão, no fim de contas, todos.
Por uma experiência diferente, interactiva e divertida.

O almoço tem o preço de 20€ por pessoa e deve ser feita reserva no próprio Restaurante ou através do mail comerbeberlazer@hotmail.com ou comerbeberlazer@gmail.com

04 maio 2015

Druida 2012


Os pequenos “ateliers” ou direi adegas de autor que têm surgido em Portugal nos últimos anos têm feito a diferença e delícia de um nicho de consumidores ansiosos por vinhos de identidade bem vincada com tiragem reduzida. A sensação de exclusividade em ter na mão uma garrafa de vinho de qualidade cuja tiragem  se limitou a 96 ou 200 garrafas é mais um dos motivos de alegria para muitos. Não é pois de estranhar que em quase todos estes projectos o destaque natural se centre no terreno, mais propriamente na vinha quase sempre de área reduzida, com os vinhos a expressarem de forma clara a terra/local que os viu nascer.

É este o caso do Druida tinto 2012 (Dão), a mais recente criação da dupla: Nuno do Ó e João Corrêa, após o sucesso que foi o Druida Reserva branco. Há acasos que vêm em boa altura e a forma como surge este tinto é um desses exemplos. Aconteceu no dia em que se passava o mosto de Encruzado para barricas e se reparou que tinham sobrado duas barricas. O pensamento imediato do que fazer teve como resposta, um tinto. E foi exactamente da parcela vizinha à da de Encruzado na Quinta da Turquide, composta por Jaén, Touriga Nacional, com algum Alfrocheiro e Tinta Pinheira. O resultado foram 2 barricas de 228 litros que repousaram durante 20 meses na adega, resultando cerca de 500 garrafas de um tinto cheio de garra e frescura com preço a rondar os 20€. Tal como no branco notamos que precisa de tempo para que tudo se arrume e a prova nos proporcione mais prazer do que já dá, apesar da ligeira austeridade com que ainda se apresenta. 

Conjunto fresco, novelo de complexidade ainda muito apertado mas de grande qualidade, profundo com bonitas notas de pinheiro, violetas, especiaria, fruta limpa de grande qualidade com destaque para a cereja vermelha bem gorda e sumarenta. E no trio de elegância/frescura/estrutura mostra-se um belíssimo exemplar do Dão, de criação minimalista que não se paga caro, um prazer garantido a consumir agora a acompanhar um borrego/cabrito assado em forno de lenha ou daqui por uma boa dezena de anos. 93 pts

Rufo do Vale D. Maria branco 2013

A Quinta Vale Dona Maria é uma antiquíssima propriedade no coração da Região Demarcada do Douro. Embora o tinto tenha nascido com a colheita de 1997 o primeiro branco surgiu recentemente. Com a enologia a cargo de Cristiano van Zeller, Sandra Tavares da Silva e Joana Pinhão, as uvas para este Rufo branco da colheita de 2013 vêm da zona de Sobreda e Candedo (Murça), onde as vinhas se encontram a grande altitude (600 m) para conferir aos vinhos acidez e frescura. A escolha recai num blend de 50% Códega de Larinho e 50% de Rabigato. Enquanto a primeira casta (Códega do Larinho) confere uma certa tropicalidade, a segunda casta (Rabigato) proporciona a acidez natural tão necessária, num conjunto que estagiou cerca de 9 meses em inox até ser lançado para o mercado.

Um branco que nos recebe de braços abertos com bonitos aromas a lembrar citrinos, frutos de polpa branca, algum tropical mas pouco pronunciado num conjunto bastante agradável com toque de mineralidade no fundo. Na boca mostra-se elegante e fresco, com boa intensidade e um toque vegetal aliado à natural doçura da fruta que o embalam para um final de prova com alguma secura, tornando ideal para canapés, saladas, entradas variadas à base de carnes frias ou salmão fumado. 89 pts

02 maio 2015

Receitas e Sabores dos Territórios Rurais

Receitas e Sabores dos Territórios Rurais 
(Minha Terra, 2013)

A cozinha Portuguesa é uma das mais ricas a nível mundial, tendo sido sujeita às mais variadas influências ao longo dos séculos. Curiosamente, ou não, teve também a capacidade de influenciar e levar para outros recantos aquilo que por cá se fazia. Os códices e os manuscritos que versavam sobre a Cozinha Portuguesa surgiram pela primeira vez no ano de 1550 com o Livro de Cozinha da Infanta DMaria. Muitos outros livros de grande fama foram sendo lançados desde então com nomes sonantes como a Arte de Cozinha, de Domingos Rodrigues (1680) ou O Cozinheiro Moderno, de Lucas Rigaud (1780) e a Arte de Cozinha, de João da Matta (1876). O salto temporal que vamos dar até ao livro que pretendo abordar é grande, na verdade este novo exemplar é fruto de uma minuciosa recolha do nosso receituário. Numa abordagem fácil e muito bem ilustrada, cada região vem com a sua caracterização geográfica e histórica, tal como o seu património gastronómico também em destaque. Pelo meio vamos encontrados dicas e truques, ritos e hábitos, sugestões e variada informação sobre os respectivos pratos. Um verdadeiro tesouro que em muito irá enriquecer a biblioteca dos apaixonados pelo Vinho e Gastronomia.

O livro que agora folheio é um bom exemplo que pretende acima de tudo valorizar o riquíssimo património gastronómico de Portugal. O livro “Receitas e Sabores dos Territórios Rurais”, editado pela Minha Terra – Federação Portuguesa de Associações de Desenvolvimento Local, compila e ilustra 245 receitas da gastronomia local de 40 territórios rurais, do Entre Douro e Minho ao Algarve. Das sopas aos doces, passando pelos pratos de peixe, carne, caça e marisco, a publicação dá a conhecer a rica gastronomia portuguesa, parte importante do património cultural do nosso país. Além das 245 receitas, organizadas em sete categorias – entradas (14), sopas (30), peixe (40), marisco (7), carne (75), caça (14) e doces (65) – a publicação apresenta sumariamente os territórios da parceria de 40 Associações de Desenvolvimento Local de um projeto de cooperação interterritorial, apoiado pela Abordagem LEADER do PRODER. A versão online para consulta e/ou download aqui.
 
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